sábado, 7 de novembro de 2009

Projeto Pixaim é sucesso no Viradão Esportivo em Mato Grosso

Trança é para quem não tem vergonha de assumir o que é. Mais de 40 pessoas trançadas até as 15 horas

Por Neusa Baptista


Pixaim, uma das atividades prmovidas pela CUFA no Viradão Esportivo em Mato Grosso


Quem passa pelo Viradão Esportivo, evento que acontece hoje e amanhã em Cuiabá está se encantando com os novos penteados feitos à base de tranças afro, uma produção do Projeto Pixaim, coordenado pela Central Única das Favelas (CUFA-MT). Durante todo o dia, quatro trançadeiras do projeto estarão confeccionando gratuitamente as tranças em quem comparecer ao SESI Cristo Rei, em Várzea Grande, um dos pontos de concentração do Viradão Esportivo.

A estudante Débora Cristine Teodoro, de 17 anos, foi uma das primeiras a serem embelezadas pelas mãos das trançadeiras. “Acho legal, bonito. Usei rastafári durante muito tempo, mas depois inventei de alisar o cabelo e caiu bastante. Hoje, quero deixá-lo voltar ao natural e a trança valoriza muito a estética negra”, comentou ela.

Val, Ketilyn e Leticia trançando no Viradão


Já no início das atividades, uma fila de mulheres se formou em frente ao local. Algumas chegaram cedo para garantir o penteado. Foi o caso da auxiliar infantil Carla Letícia Celestina Bezerra Silva, de 25 anos. De cabelos lisos, ela confessa que adora tranças e também conhece e admira o projeto. “Acho bonito o trabalho de vocês, pois valoriza o negro. É importante porque divulga os valores que as raças têm”.

Ao seu lado, a estudante Kátia Almeida de Oliveira, de 25 anos, de cabelos curtos, explicou que usa tranças há mais de 10 anos e que é viciada neste tipo de penteado. Para ela, a idéia de que as tranças são apenas para cabelos crespos não é verdadeira. “Qualquer um pode usar tranças. Não tem estrangeiros que vêm ao Brasil e fazem tranças nos cabelos? A trança é uma forma de valorização cultural”.

Maria Martha Marangoni Regis, de 9 anos, aos poucos foi se soltando e “libertou” os cabelos do rabo de cavalo que usa sempre. “Gosto muito de tranças, acho legal, é diferente, de outra cultura.Tímida e com muita vergonha de deixar seus longos cabelos soltos, a estudante . Quem sabe não deixo meu cabelo solto pela primeira vez?”.

Ao seu lado, a auxiliar de serviços gerais Jucinete de Assis Vilela conta que deixou de trabalhar somente para fazer as tranças. Ela trocou de turno com uma colega para poder comparecer ao SESI e mudar o visual. “Fiquei sabendo pela TV que teria tranças aqui e não pude deixar de vir. Troquei com uma colega de turno e vou trabalhar amanhã, de visual novo. A trança valoriza mais a cor, a raça. Trança é para quem não tem vergonha de assumir o que é”.

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